Educação Física no ensino fundamental - anos iniciais:
Unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades


Os alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais possuem modos próprios de vida e múltiplas experiências pessoais e sociais, o que torna necessário reconhecer a existência de infâncias no plural e, consequentemente, a singularidade de qualquer processo escolar e sua interdependência com as características da comunidade local. É importante reconhecer, também, a necessária continuidade às experiências em torno do brincar, desenvolvidas na Educação Infantil. As crianças possuem conhecimentos que precisam ser, por um lado, reconhecidos e problematizados nas vivências escolares com vistas a proporcionar a compreensão do mundo e, por outro, ampliados de maneira a potencializar a inserção e o trânsito dessas crianças nas várias esferas da vida social.

Diante do compromisso com a formação estética, sensível e ética, a Educação Física, aliada aos demais componentes curriculares, assume compromisso claro com a qualificação para a leitura, a produção e a vivência das práticas corporais. Ao mesmo tempo, pode colaborar com os processos de letramento e alfabetização dos alunos, ao criar oportunidades e contextos para ler e produzir textos que focalizem as distintas experiências e vivências nas práticas corporais tematizadas. Para tanto, os professores devem buscar formas de trabalho pedagógico pautadas no diálogo, considerando a impossibilidade de ações uniformes.

Além disso, para aumentar a flexibilidade na delimitação dos currículos e propostas curriculares, tendo em vista a adequação às realidades locais, as habilidades de Educação Física para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais estão sendo propostas na BNCC organizadas em dois blocos (1º e 2º anos; 3º ao 5º ano).

Unidades Temáticas de Educação Física 3º ao 5º ano do fundamental alinhadas a BNCC


Brincadeiras e jogos


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF01)

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF01)

Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico cultural.


COMENTÁRIO (EF35EF01)

Experimentar brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana presentes no contexto comunitário e regional, significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. O fruir se relaciona às aprendizagens que permitem ao aluno desfrutar da realização de uma determinada prática corporal ou apreciá-la quando realizada por outros. Recriar é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens, e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando que, após a aprendizagem de uma brincadeira ou jogo popular do Brasil e de matriz indígena e africana que não conhecem, os alunos dialoguem e se organizem para recriar essas práticas corporais utilizando os materiais e espaços disponíveis na escola. Os alunos devem reconhecer e valorizar que as brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, fazem parte do patrimônio cultural de um povo, constituindo um conjunto de práticas que remetem à história, à memória e à identidade desse povo.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF01)

Na elaboração do currículo, é adequado que se estabeleça relações com outros componentes, por meio de experiências de leituras que deem suporte para aprendizagens sobre como o povoamento e a formação das culturas das diversas regiões do país influenciaram as práticas dos jogos e brincadeiras do Brasil de matriz indígena e africana. É interessante que os alunos sejam apresentados a conceitos sobre patrimônio cultural para que reconheçam e valorizem as aprendizagens sobre os jogos e brincadeiras que não fazem parte do seu cotidiano. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos pode seguir alguns critérios: a) Jogos e brincadeiras com regras e exigências motoras mais simples para as mais complexas; b) Aprofundamento na aprendizagem sobre a cultura na qual as brincadeiras e jogos se originaram; c) Identificação de jogos e brincadeiras que se manifestam de modo semelhante na maneira de jogar em diferentes locais, mas que possuem nomes e movimentos adaptados à cultura local. Há, aqui, oportunidade de trabalho interdisciplinar com as habilidades (EF15AR24), da Arte; e (EF04LP12) e (EF04LP13), da Língua Portuguesa, voltadas à compreensão de instruções sobre jogos e brincadeiras.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF02)

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF02)

Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os alunos em brincadeiras e jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana.


COMENTÁRIO (EF35EF02)

Planejar e utilizar estratégias refere-se ao conhecimento originado pela observação e análise das próprias experiências corporais e daquelas realizadas por outros. Trata-se de um ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise para: (a) resolver desafios peculiares à prática realizada; (b) apreender novas modalidades; (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização de forma segura. Nesta habilidade, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, referem-se a práticas que podem ser menos familiares aos alunos, exigindo que o professor proponha atividades que não necessariamente fazem parte de seu cotidiano.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF02)

Na elaboração do currículo, é importante que os alunos possam reconhecer que os aspectos de segurança para realização das práticas corporais incluem aprendizagens sobre: 1. Habilidades motoras: são os movimentos requisitados para realização das práticas. As aulas devem propor experiências positivas ao aluno, porém, quando participa de uma brincadeira ou jogo que exige movimentos com os quais não está acostumado, é natural que esse aluno sinta insegurança. O currículo local pode propor situações de aprendizagens nas quais os alunos experimentem as práticas corporais, socializem as sensações e dificuldades advindas delas e discutam sobre possibilidades de adaptação aos movimentos requisitados para que todos pratiquem e proponham gradativamente um aumento da complexidade de movimentos conforme superam as dificuldades encontradas. 2. Capacidades físicas: são características ou qualidades que os movimentos apresentam e podem ser aprimorados, como a força muscular, a velocidade e a agilidade. Em um jogo que exige muita força muscular, como, por exemplo, em um cabo de guerra, as diferenças dessa capacidade entre os alunos podem ocasionar situações de risco. É importante discutir sobre as diferenças de força procurando: (a) soluções para que todos participem com equidade; (b) discutir sobre a importância do desenvolvimento da força muscular não só para a realização das práticas, mas também para outras tarefas do dia a dia, como carregar sacolas e mochilas ou subir escadas. 3. Estruturas corporais: para realizar movimentos, utilizamos nossas estruturas corporais. O currículo pode propor situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno adquirir conhecimentos básicos sobre a ação das estruturas corporais durante a realização dos movimentos para que reconheça potenciais e limites corporais seus e de outros e, a partir daí, aja propondo estratégias para a prática segura de todos. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode levar em conta a relação entre a complexidade das práticas e a progressão do desenvolvimento motor e cognitivo dos alunos. Pode-se estabelecer, como ponto de partida, um determinado jogo ou brincadeira, e solicitar aos alunos que elaborem estratégias cada vez mais complexas para a sua realização ou partir de jogos e brincadeiras com exigências mais simples para exigências mais complexas.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF03)

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF03)

Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas.


COMENTÁRIO (EF35EF03)

Descrever as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana pressupõe que os alunos devem se apropriar e saber utilizar os quatro tipos de linguagens propostas na habilidade: 1. Linguagem corporal: forma de comunicação não-verbal que abrange gestos, posturas, expressões faciais, movimentos do corpo, entre outros; 2. Linguagem oral: utilizando a fala e em presença de interlocutor;3. Linguagem escrita: na qual o contato com o interlocutor é indireto;4. Linguagem audiovisual: que utiliza as linguagens verbal, sonora e visual para transmitir uma mensagem. Explicar as características dessas práticas significa identificar quais as habilidades motoras e capacidades físicas necessárias, quais as regras, os materiais, os espaços ou o número de participantes, a fim de que tenham informações para planejar as modificações e adaptações às práticas para que todos participem. A importância dos jogos e brincadeiras como patrimônio histórico e como elemento de preservação das culturas estabelece relações com as aprendizagens prévias da habilidade (EF35EF01).


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF03)

Na elaboração do currículo, é possível propor situações de aprendizagem que permitam o aprofundamento na compreensão da identidade cultural dos povos e, em particular, daqueles que constituíram o povo brasileiro. É interessante que os alunos sejam apresentados a conceitos sobre patrimônio cultural para que possam valorizar aprendizagens sobre os jogos e brincadeiras que não fazem parte do seu cotidiano e descrever sobre a sua importância para a preservação das culturas. A utilização das múltiplas linguagens proposta na habilidade possibilita a interação com a disciplina de Língua Portuguesa, na prática de linguagem e produção de textos (escrita compartilhada e autônoma). Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode propor o estudo dos jogos e brincadeiras divididos por regiões do Brasil, analisando sobre como a formação populacional influenciou as brincadeiras e jogos, ou seja, quais práticas eram utilizadas pelos povos que habitavam originalmente essas regiões e que permanecem preservadas e quais práticas foram trazidas pelos povos que migraram para essas regiões. Há, aqui, oportunidade de trabalho interdisciplinar com as habilidades (EF35LP20), (EF03LP22), (EF03LP25), (EF03LP26), da Língua Portuguesa; e (EF15AR26), da Arte, voltadas à descrição e comunicação de informações por múltiplas linguagens (escrita, audiovisual, oral, artística).


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF04)

Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF04)

Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.


COMENTÁRIO (EF35EF04)

Recriar é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando que, após a aprendizagem de uma brincadeira ou jogo popular do Brasil e de matriz indígena e africana que não conhecem, os alunos observem e analisem os espaços disponíveis, tanto na escola como em outros locais que frequentam no seu dia a dia, como praças, ruas, terrenos vazios, praias, dialoguem sobre possibilidades de adequações das brincadeiras e jogos às características desses espaços e se organizem para recriar essas práticas utilizando os materiais disponíveis. Experimentar brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana presentes no contexto comunitário e regional, significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. Nesta habilidade, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, referem-se a práticas que podem ser menos familiares aos alunos, exigindo que o professor proponha atividades que não necessariamente fazem parte de seu cotidiano.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF04)

Na elaboração do currículo, esta habilidade pode ser aprofundada partindo da relação entre o ser humano e o ambiente físico. A todo momento, realizamos movimentos em diferentes ambientes físicos. Nessa interação, podemos nos adaptar, transformar ou controlar o ambiente de acordo com nossa necessidade. O currículo local pode propor ações que unam a escola a outras entidades do poder público para incorporar ações que possibilitem a observação e análise dos espaços públicos e o diálogo sobre possíveis intervenções para melhor aproveitamento desses espaços. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode inicialmente propor que os alunos analisem e proponham intervenções em locais disponíveis próximos à escola, o que lhes dará informações e suporte sobre como agir, por exemplo, nas relações com o poder público, na análise dos espaços, na confecção de materiais ou adaptação daqueles disponíveis. Em momentos posteriores, os alunos reproduzem o processo, individual ou coletivamente, em espaços próximos de onde moram, buscando auxílio de parentes e outras pessoas do seu convívio para as intervenções.


Esportes


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF05)

Esportes de campo e taco Esportes de rede/parede Esportes de invasão


HABILIDADE (EF35EF05)

Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.


COMENTÁRIO (EF35EF05)

Experimentar os esportes de campo e taco, rede/parede e invasão significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. O fruir se relaciona às aprendizagens que permitem ao aluno desfrutar da realização de uma determinada prática corporal ou apreciá-la quando realizada por outros. Os alunos devem identificar os elementos comuns aos esportes referidos: 1. Campo e taco: rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre as bases, enquanto os defensores não recuperam o controle da bola; 2. Rede/parede: arremessar, lançar ou rebater a bola à quadra adversária na tentativa de fazê-los cometer um erro, sendo incapaz de devolvê-la; 3. Invasão: comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/campo defendida pelos adversários, protegendo, simultaneamente, o próprio alvo, meta ou setor do campo. Criar estratégias constitui um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando que os alunos, ao tentar recuperar uma bola rebatida nos esportes de campo e taco, criem estratégias para uma distribuição dos jogadores pelo espaço. O trabalho coletivo e o protagonismo são ações importantes presentes nos esportes. O protagonismo prevalece nas modalidades individuais, como no salto em distância e no tiro ao alvo, mas é importante também nos esportes coletivos, visto que o aluno deve se empenhar em realizar a sua função para o bem coletivo. O trabalho coletivo ocorre quando um grupo de pessoas se dedica a realizar uma tarefa, como nos esportes coletivos, e possibilita troca de experiências, ajuda mútua, aprendizagem de novas habilidades motoras e compartilhamento de decisões. A identificação dos elementos comuns aos esportes são aprendizagens que possibilitam aos alunos se organizar para desenvolver práticas que incluam a todos na execução das modalidades.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF05)

Na elaboração do currículo, pode-se aprofundar esta habilidade a partir do estudo das características dos movimentos necessários para execução dos elementos comuns aos esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, como as habilidades motoras de rebater, correr, lançar, passar, chutar, arremessar e saltar. A experimentação dos esportes evidenciam as capacidades físicas, como a força muscular, a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação motora, e permitem discussões sobre a importância do seu desenvolvimento tanto para a aptidão física relacionada ao desempenho esportivo como para a saúde e qualidade de vida. Outro ponto refere-se à importância da ênfase na participação e não no resultado. Sugere-se que haja, no decorrer do desenvolvimento das aulas, momentos de reflexão nos quais os alunos possam valorizar aprendizagens relacionadas à participação, como, por exemplo, a importância do trabalho em equipe para se atingir um objetivo comum, e não ao fato de terem ganho ou perdido uma disputa. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode propor que os alunos experimentem esportes de campo e taco, rede/parede e invasão que praticam para aqueles que conhecem e não praticam, finalizando com aqueles que não conhecem. Outro critério refere-se à complexidade de movimentos requeridos para a prática ou às regras que regem a modalidade.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF06)

Esportes de campo e taco Esportes de rede/parede Esportes de invasão


HABILIDADE (EF35EF06)

Diferenciar os conceitos de jogo e esporte, identificando as características que os constituem na contemporaneidade e suas manifestações (profissional e comunitária/lazer).


COMENTÁRIO (EF35EF06)

Diferenciar é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando aos alunos que, após identificarem as características do jogo e do esporte, observem e descrevam as principais diferenças entre as duas práticas. A habilidade propõe que os alunos identifiquem as diferenças entre as práticas corporais do jogo e do esporte. Apesar de terem características comuns, no esporte formal, há regras rígidas, direcionamento para a competição e o resultado, treinamento físico e técnico e profissionalização, enquanto no jogo, apesar da presença da competição, é possível a flexibilização de regras, materiais e espaços para a sua prática, e constitui uma manifestação voltada para o lazer.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF06)

Na elaboração do currículo, é interessante que os alunos percebam que os conceitos de jogo e esporte são utilizados de maneira muito similar. Por exemplo, chamamos uma partida oficial de vôlei na televisão de "jogo" de vôlei, apesar de ser um esporte. Pode-se apresentar aos alunos as diversas definições de esporte utilizadas no Brasil, investigando a sua origem e o seu significado. Um exemplo é o "Manifesto Mundial do Esporte", criado pela UNESCO e que divide o esporte em esporte educacional, voltado para crianças e adolescentes em idade escolar (Fundamental e Médio), esporte de participação, praticado no tempo livre, em situações de lazer e com finalidade de bem-estar físico e psicológico, e esporte de alto rendimento, fundamentado na competição, com regras e normas rígidas e com o objetivo de superação, competição e vitória. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade seria iniciar com aprendizagens sobre as aproximações do esporte com o jogo, que permite a adaptação de regras e espaços e um caráter mais informal, até o estudo do esporte formal, como uma manifestação cultural de grande impacto em nossa sociedade, que é orientada para a competição, exclusão dos menos hábeis, profissionalismo, treinamento exaustivo e regras rígidas.


Ginásticas


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF07)

Ginástica geral


HABILIDADE (EF35EF07)

Experimentar e fruir, de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais), propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.


COMENTÁRIO (EF35EF07)

Experimentar os elementos de ginástica geral significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. O fruir se relaciona às aprendizagens que permitem ao aluno desfrutar da realização de uma determinada prática corporal ou apreciá-la quando realizada por outros. A ginástica geral tem como características a não competição, a diversidade musical, a utilização de elementos da cultura e o prazer pela prática. É uma modalidade utilizada, por exemplo, nas aberturas de jogos olímpicos e mundiais de futebol. A combinação de elementos da ginástica geral pressupõe aprendizagens prévias das habilidades (EF12EF07), (EF12EF08) e (EF12EF10). A proposição de coreografias é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando aos alunos que inicialmente identifiquem os movimentos que conseguem realizar para, a seguir, propor combinações e elementos de ligação entre esses elementos. As coreografias podem ser organizadas individualmente ou em grupos de acordo com as habilidades dos alunos.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF07)

Na elaboração do currículo, é adequado que os alunos tomem contato com apresentações de ginástica geral, sejam presenciais ou assistindo-as na televisão ou internet. A partir da observação, é importante que percebam que os movimentos dos praticantes representam algo, ou seja, as coreografias contam uma história. Pode-se sugerir, então, que os alunos investiguem sobre eventos significativos da cultura local, como lendas, mitos ou outros elementos do folclore, propondo sequências de movimentos ginásticos que representem esses eventos. Para isso, pode-se propor que visitem entidades que promovem as ginásticas, como escolas de dança, centros de cultura, universidades ou outros locais que possam auxiliá-los na produção das coreografias. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo critérios de complexidade pode propor: a) Partir de coreografias com movimentos de ginástica simples, propondo que os alunos elaborem as coreografias de acordo com a sua habilidades e gosto pessoal, para a proposição de coreografias mais elaboradas, utilizando diferentes materiais e com movimentos de maior complexidade; b) Partir de temas preexistentes, como temas do folclore e da cultura local, para a proposição de que os alunos sugiram e criem temas mais próximos da sua realidade. Há, aqui, oportunidade de trabalho interdisciplinar, com as habilidades (EF15AR08), (EF15AR10), (EF15AR11), da Arte; (EF04MA16), (EF05MA15), da Matemática; e (EF35EF09), da própria Educação Física, voltados à experimentação, descrição e representação do movimento de pessoas e objetos no espaço.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF08)

Ginástica geral


HABILIDADE (EF35EF08)

Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo as potencialidades e os limites do corpo e adotando procedimentos de segurança.


COMENTÁRIO (EF35EF08)

Planejar e utilizar estratégias refere-se ao conhecimento originado pela observação e análise das próprias vivências corporais e daquelas realizadas por outros. Trata-se de um ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise para: (a) resolver desafios peculiares à prática realizada; (b) apreender novas modalidades; (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização. A ginástica geral tem como características a não competição, a diversidade musical, a utilização de elementos da cultura e o prazer pela prática. É uma modalidade utilizada, por exemplo, nas aberturas de jogos olímpicos e mundiais de futebol. Os elementos básicos da ginástica geral são: equilíbrios, saltos, giros, rotações e acrobacias, com e sem materiais. Para que adotem procedimentos de segurança, os alunos devem (a) reconhecer as potencialidades e os limites do corpo, identificando que nosso corpo é estruturado para realizar movimentos: temos ossos, músculos, articulações, coração, pulmões, cérebro e sistema nervoso que atuam em conjunto, possibilitando uma grande quantidade de movimentos; (b) considerar dois importantes aspectos relacionados ao movimento: 1. Habilidades motoras: são todos os movimentos que aprendemos, são incorporados e podem ser utilizados em tarefas cada vez mais específicas; 2. Capacidades físicas: são características que nossos movimentos apresentam e que podem ser aprimorados, como a força muscular, o equilíbrio e a coordenação motora.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF08)

Na elaboração do currículo, é adequado que os alunos reconheçam que nosso corpo tem potencial para o movimento devido às estruturas corporais, que são os ossos, as articulações, os músculos, o coração, os pulmões, o cérebro e o sistema nervoso. À medida que vivenciam os movimentos de rotação, equilíbrio, saltos, acrobacias, entre outros, podem reconhecer as regiões corporais e as estruturas solicitadas. Por exemplo, durante uma sequência de saltos, são solicitados principalmente os membros inferiores e as articulações do tornozelo, joelho e quadril para amortecer o impacto na aterrissagem. Esse conhecimento possibilita aos alunos terem autonomia para adotar medidas de segurança não só durante as aulas de Educação Física, mas sempre que se envolverem em atividades físicas no seu dia a dia. Na identificação das potencialidades e limites do corpo, a habilidade possibilita também que se estabeleça relações com Ciências. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade relaciona esta sugestão à habilidade (EF35EF08), pois partir da elaboração de coreografias com movimentos de ginástica simples para movimentos mais complexos exige mais das estruturas corporais, assim como a necessidade de se refletir sobre medidas de segurança adequadas.


Danças


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF09)

Danças do Brasil e do mundo Danças de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF09)

Experimentar, recriar e fruir danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana, valorizando e respeitando os diferentes sentidos e significados dessas danças em suas culturas de origem.


COMENTÁRIO (EF35EF09)

Experimentar danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. Recriar é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando aos alunos que utilizem as aprendizagens prévias sobre gestos, ritmos e espaços para movimentar-se nas danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana. O fruir se relaciona às aprendizagens que permitem ao aluno desfrutar da realização de uma determinada prática corporal ou apreciá-la quando realizada por outros. Ao identificar as origens das danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana, os alunos devem reconhecer que essas práticas foram transmitidas de geração em geração e sofreram transformações e adaptações de acordo com as características do ambiente físico e social até chegar a eles. Essa percepção gera um sentido de continuidade, preservação e valorização dos significados das danças para as culturas nas quais se originaram.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF09)

Na elaboração do currículo, é interessante propor situações de aprendizagem que permitam o aprofundamento na compreensão da identidade cultural dos povos e, em particular, daqueles que constituíram o povo brasileiro. Essas aprendizagens são importantes para que os alunos possam perceber por que existem diferentes tipos de dança e que são atribuídos diferentes significados a elas de acordo com a cultura local daqueles que a praticam. Uma possibilidade de organização curricular pode propor que se estude as danças por região do Brasil, analisando se existem danças que são praticadas em todos os estados que compõem a região, quais são as danças de matriz indígena e quais são de matriz africana, quais sofreram influência do povoamento da região e quais são praticadas também em outras regiões do Brasil. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode propor o estudo das danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana divididos por regiões do Brasil, inicialmente conhecendo e vivenciando essas danças e aprofundando a análise sobre como a formação populacional influenciou as danças, ou seja, quais práticas eram utilizadas pelos povos que habitavam originalmente essas regiões e que permanecem preservadas e quais práticas foram trazidas pelos povos que migraram para essas regiões. Há, aqui, oportunidade de trabalho interdisciplinar, com as habilidades (EF15AR08), (EF15AR10), (EF15AR11), da Arte; (EF04MA16), (EF05MA15), da Matemática; e (EF35EF07), da própria Educação Física, voltados à experimentação, descrição e representação do movimento de pessoas e objetos no espaço.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF10)

Danças do Brasil e do mundo Danças de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF10)

Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.


COMENTÁRIO (EF35EF10)

Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes significa que os alunos devem perceber como se manifestam os elementos de (1) ritmo, que é um movimento que ocorre com uma recorrência regular; (2) espaço, que se refere ao ambiente físico no qual nos movimentamos em uma relação de interação, adaptação e transformação; (3) gesto, que é o movimento aliado a um significado, que constitui a expressão daquilo que é observado nos movimentos de quem dança. A identificação desses elementos constitutivos possibilita aos alunos compará-los, observando quais são comuns e quais são diferentes nas danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF10)

Na elaboração do currículo, sugere-se que os alunos identifiquem a presença das capacidades físicas durante as práticas das danças. Além do ritmo, que é um elemento constituinte das danças, outras capacidades, como a coordenação motora, o equilíbrio, a agilidade, a flexibilidade, entre outras, estão presentes nas práticas. A experimentação das danças deve ser incentivada como fator de ampliação de repertório motor dos alunos e como oportunidade de se conhecer diferentes manifestações culturais da prática corporal. Os alunos devem comparar as danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana com aquelas que conhecem em termos de exigências físicas, habilidades motoras necessárias para a sua execução e intencionalidade daqueles que dançam (lazer, apresentação, ritual, celebração). Além disso, o estudo do elemento constituinte espaço possibilita interações com o componente curricular de Geografia. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos segundo um critério de complexidade pode ser desenvolvida a partir de pesquisas sobre as danças mais tradicionais das regiões do Brasil e aprofundando para danças que se realizam em contextos mais regionais. Por exemplo, o bumba meu boi, que é praticado de diferentes formas de acordo com a localidade — se manifesta em grandes eventos, como no festival de Parintins, e em festas regionais realizadas em pequenas cidades.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF11)

Danças do Brasil e do mundo Danças de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF11)

Formular e utilizar estratégias para a execução de elementos constitutivos das danças populares do Brasil e do mundo, e das danças de matriz indígena e africana.


COMENTÁRIO (EF35EF11)

Formular e utilizar estratégias refere-se ao conhecimento originado pela observação e análise das próprias experiências corporais e daquelas realizadas por outros. Trata-se de um ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise para: (a) resolver desafios peculiares à prática realizada; (b) apreender novas modalidades; (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização de forma segura. Executar os elementos constitutivos pressupõe conhecimentos sobre (1) ritmo, que é um movimento que ocorre com uma recorrência regular; (2) espaço, que refere-se ao ambiente físico no qual nos movimentamos em uma relação de interação, adaptação e transformação; (3) gesto, que é o movimento aliado a um significado, que constitui a expressão daquilo que é observado nos movimentos de quem dança. Os alunos devem perceber como esses elementos se manifestam nas danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF11)

Na elaboração do currículo, sugere-se que os alunos identifiquem a presença das capacidades físicas durante as práticas das danças populares do Brasil e do mundo, e das danças de matriz indígena e africana. Além do ritmo, que é um elemento constituinte das danças, outras capacidades, como a coordenação motora, o equilíbrio, a agilidade, a flexibilidade, entre outras, estão presentes nas práticas. A experimentação das danças deve ser incentivada como fator de ampliação de repertório motor dos alunos e como oportunidade de se conhecer diferentes manifestações culturais da prática corporal. A partir da experimentação, os alunos identificam e compartilham as principais dificuldades na sua realização, elaborando coletivamente estratégias para que todos consigam participar das práticas. Esta habilidade é uma oportunidade de os alunos se aprofundarem sobre as aprendizagens das danças, realizando pesquisas junto a escolas de dança, centros culturais, entidades de preservação de cultura ou universidades. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos pode seguir um critério de complexidade sobre os elementos constitutivos das danças populares do Brasil e do mundo, e das danças de matriz indígena e africana. Iniciando com ritmos e gestos mais simples, um critério de complexidade pode ser desenvolvido a partir do aprofundamento dos elementos constitutivos das danças.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF12)

Danças do Brasil e do mundo Danças de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF12)

Identificar situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto das danças e demais práticas corporais e discutir alternativas para superá-las.


COMENTÁRIO (EF35EF12)

Identificar situações de injustiça e preconceito significa que os alunos devem reconhecer que as danças e outras práticas corporais, como os esportes, os jogos e brincadeiras ou as ginásticas são praticadas de forma diferente de acordo com a sua origem e o ambiente social em que se manifestam, e que o contato com práticas de uma cultura muito diferente pode gerar situações de não aceitação e intolerância. As aprendizagens sobre as origens das práticas corporais e o seu significado para aqueles que as praticam constituem elementos importantes para se discutir e debater soluções para a superação de injustiça e preconceitos expressos nessas manifestações.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF12)

Na elaboração do currículo, é interessante que os alunos identifiquem que o preconceito parte de uma opinião ou conceito formado antes de se ter os conhecimentos adequados sobre o assunto. Pode-se, desse modo, propor aprofundamentos sobre algumas leis que possibilitam reflexões sobre os direitos dos brasileiros, como a Lei de Direitos Humanos, o Estatuto do Índio ou o Estatuto da Igualdade Racial. Os alunos devem reconhecer que as danças e demais práticas corporais são manifestações da cultura corporal de movimento a que todo cidadão tem direito de praticar. Podem-se propor visitas a instituições locais que promovam as danças e promover diálogos com seus participantes, investigando quais as situações de preconceito e injustiça que identificam nessas práticas e discutir alternativas para superá-las. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos poderia partir da investigação e proposição de combate a preconceitos nas danças, ampliando, em anos posteriores, para outras práticas corporais.


Lutas


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF13)

Lutas do contexto comunitário e regional Lutas de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF13)

Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.


COMENTÁRIO (EF35EF13)

Experimentar significa se apropriar de aprendizagens que só podem ser acessadas pela experiência corporal, ou seja, devem ser efetivamente vivenciadas. O fruir se relaciona às aprendizagens que permitem ao aluno desfrutar da realização de uma determinada prática corporal ou apreciá-la quando realizada por outros. Recriar é um processo complexo, que demanda uma série de outras aprendizagens e que, nesse grupo etário, pode se desenvolver, por exemplo, solicitando aos alunos que, após a experimentação de modalidades de lutas presentes no contexto comunitário e regional e de lutas de matriz indígena e africana, organizem-se para adaptá-las as características dos espaços e materiais disponíveis para que todos participem. Nesta habilidade, lutas presentes no contexto comunitário e regional são aquelas que os alunos identificam e reconhecem no ambiente social no qual vivem. Já as lutas de matriz indígena e africana são as originadas nessas culturas, e possuem significados que variam de acordo com o seu contexto de prática, manifestando-se de diversas formas, como em celebrações, ritos de passagem, disputas entre grupos, jogos ou apresentações.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF13)

Na elaboração do currículo, o relato dos alunos sobre as lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana que conhecem, praticam e observam outros praticando no seu ambiente social pode servir de ponto de partida para o desenvolvimento da habilidade. A partir desses relatos, pode-se experimentar e recriar as práticas, adaptando as regras às características dos alunos e os materiais e espaços disponíveis às exigências da modalidade. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos poderia propor experimentações de lutas com movimentos e regras mais simples para lutas com exigências corporais e regras mais complexas.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF14)

Lutas do contexto comunitário e regional Lutas de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF14)

Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana experimentadas, respeitando o colega como oponente e as normas de segurança.


COMENTÁRIO (EF35EF14)

Planejar e utilizar estratégias refere-se ao conhecimento originado pela observação e análise das próprias experiências corporais e daquelas realizadas por outros. Trata-se de um ato intencional, orientado a formular e empregar estratégias de observação e análise para: (a) resolver desafios peculiares à prática realizada; (b) apreender novas modalidades; (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades próprios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização. Nesta habilidade, lutas presentes no contexto comunitário e regional são aquelas que os alunos identificam e reconhecem no ambiente social no qual vivem. Já as lutas de matriz indígena e africana são as originadas nessas culturas, e possuem significados que variam de acordo com o seu contexto de prática, manifestando-se de diversas formas, como em celebrações, ritos de passagem, disputas entre grupos, jogos ou apresentações. A aprendizagem sobre as normas de segurança incluem questões relativas ao espaço, como, por exemplo, o tipo de solo (areia, gramado, piso duro), materiais (colchões para amortecer quedas ou luvas) e a obediência às regras, prezando o respeito ao oponente na prática das lutas de matriz indígena e africana.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF14)

Na elaboração do currículo, esta habilidade pode ser explorada propondo o estudo das lutas em diferentes aspectos: 1. A compreensão histórica das lutas, que fazem parte da história humana, inicialmente como práticas de sobrevivência, modificando-se através dos tempos até chegar às modalidades que conhecemos hoje. 2. A característica imprevisível e previsível das lutas. As lutas de demonstração têm caráter previsível, com movimentos coreografados, como os katas. Nas lutas de enfrentamento, o caráter é imprevisível, pois, entre outras coisas, não existe a definição de um tempo estabelecido e sim de um tempo máximo. Em uma luta de judô, por exemplo, um ippon define a luta independentemente do tempo.3. As habilidades motoras necessárias para a prática das modalidades, como socar, chutar, segurar, agarrar ou empurrar. Todas elas demandam uma técnica específica que varia de acordo com a modalidade estudada. 4. As capacidades físicas presentes nas lutas, como a força muscular, a resistência muscular e a potência muscular, que podem ser aprimoradas com as práticas das lutas. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos poderia propor experimentações de lutas com movimentos e regras mais simples para lutas com exigências corporais e regras mais complexas.


OBJETO DE CONHECIMENTO (EF35EF15)

Lutas do contexto comunitário e regional Lutas de matriz indígena e africana


HABILIDADE (EF35EF15)

Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.


COMENTÁRIO (EF35EF15)

Identificar as características das lutas refere-se a aprendizagens que permitam aos alunos reconhecer que estas são práticas onde estão presentes o enfrentamento físico direto, um conjunto de regras estabelecidas, a oposição entre indivíduos, um objetivo centrado no corpo da outra pessoa, ações de caráter simultâneo entre os participantes e a imprevisibilidade. Lutas presentes no contexto comunitário e regional refere-se àquelas que os alunos identificam e reconhecem no ambiente social no qual vivem. Já as lutas de matriz indígena e africana são as originadas nessas culturas, e possuem significados que variam de acordo com o seu contexto de prática, manifestando-se de diversas formas, como em celebrações, ritos de passagem, disputas entre grupos, jogos ou apresentações. Reconhecer as diferenças entre brigas e lutas significa que os alunos devem aprender que as lutas são modalidades esportivas compostas de regras e técnicas de golpes sistematizados, enquanto que a briga é o enfrentamento entre duas ou mais pessoas, sem regras ou fundamentos pedagógicos, com a intenção de agredir e com o uso de violência desmedida.


POSSIBILIDADES PARA O CURRÍCULO (EF35EF15)

Na elaboração do currículo, pode-se referir a um importante aspecto a ser desenvolvido, que é a distinção entre as lutas e as brigas. O aprofundamento sobre as características das lutas constitui ponto de partida para esse entendimento. As lutas são modalidades esportivas compostas de regras e técnicas de golpes sistematizados, com ações contra um oponente e com respeito entre os praticantes. O currículo pode propor a experimentação e a fruição das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, identificando essas características. A briga é o enfrentamento entre duas ou mais pessoas, sem regras ou fundamentos pedagógicos, com a intenção de agredir e com o uso de violência desmedida. Outra proposta na habilidade refere-se ao reconhecimento das diferenças entre as lutas e as demais práticas corporais. Uma ação presente nas lutas que as diferenciam das demais e deve ser trabalhada com os alunos é a de que a luta tem o objetivo centrado no corpo da outra pessoa. Essa situação muitas vezes causa desconforto e recusa em participar das práticas. É aconselhável iniciar as experimentações das lutas com atividades mais simples, explorando o contato com o outro, como movimentos de deslocar o colega de um determinado espaço e desequilíbrios, além de vivenciar os golpes das lutas em materiais como bexigas, colchonetes ou bolas. Uma possibilidade de organização da habilidade por anos poderia propor aprendizagens sobre lutas que os alunos conhecem e fazem parte do seu contexto social para lutas menos familiares.


Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental

  1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
  2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
  3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
  4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.
  5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.
  6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
  7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
  8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
  9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.
  10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.